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domingo, 10 de abril de 2011

   
MÉXICO
O jeito exagerado de ser permeia todo o México. A capital é simplesmente a maior cidade do mundo em população. Alguns dos melhores resorts do mundo ficam na costa do Pacífico. O México tem até tecnologia de ponta: as fábricas de componentes eletrônicos do norte funcionam à toda, fornecendo peças para o parque industrial americano - e já são a principal fonte de renda do país.
Quem quer curtir preferirá beber margaritas ao sol, em algum ponto dos 10 000 quilômetros do litoral. Os garotos do surfe idolatram as ondas de Puerto Escondido, na costa do Pacífico. Os urbanóides se sentirão em casa nos espigões de aço e vidro da Cidade do México ou nas discotecas de Acapulco. O primeiro ocorreu quando os espanhóis chegaram, em 1519, para encontrar na terra dita selvagem uma civilização tão desenvolvida quanto a deles: a dos astecas. Na prática, isso significou também a estatização das companhias petrolíferas e mineradoras do país. O processo todo exigiu décadas para se completar e levou à criação do partido que manda no país até hoje: o PRI, ou Partido Revolucionário Institucional.
A terra dos sombreros tem mais de um ponto em comum com a nossa. Para não ficar só no apreço a governos fortes e nos sobressaltos da economia, há também a paixão pelo futebol. A herança índia está escrita na cara dela e na deles: mais de 70% dos mexicanos têm sangue mestiço. Na média, porém, o mexicano fica longe do padrão europeu de beleza, a tal ponto que o ditador Porfirio Diaz, que dominou o país por 30 anos, fez um plano mirabolante de importar imigrantes eslavos para aprimorar a carga genética da população. Rica pela mistura da cultura índia com a espanhola, do passado com o presente e da montanha com o litoral, a terra dos sombreros é cheia de tradições, como a dos voladores de Paplanta, acrobatas que treinam desde a infância para executar uma espécie de antepassado do bungee jumping. Antes, a Cidade do méxico era asteca. Hoje, tem 22 milhões de habitantes e se transformou na cidade mais populosa do mundo. Era Tenochtitlán, a sede política e cultural do povo asteca, que dominava a região naquele tempo.
Com mais de 22 milhões de habitantes, ela é hoje a cidade mais populosa do mundo. Perto da Cidade Universitária há uma pirâmide tolteca. E as ruínas do maior templo dos astecas ficam perto de uma estação do metrô. Era ali, ao lado do zócalo, que os sacerdotes sacrificavam uma vítima por dia ao sedento deus sol Huitzilopochtli, que só bebia sangue humano.
A famosa poluição da Cidade do México é realmente terrível. Mas não tanto por causa dos carros ou das indústrias. Em compensação, o céu é azul, a temperatura fica sempre entre 14ºC e 22ºC, e a mão do homem ajuda a compensar a aridez do clima. Somadas as coisas, é o suficiente para tornar a Cidade de México uma das capitais mais interessantes da América. Ou, talvez, do mundo todo.
Os astecas diriam que é culpa da serpente emplumada, representação do deus Quetzalcoatl, que ensinou a civilização ao homem. Seja como for, o fato é que no México muitos povos índios se desenvolveram acima da média, o que é fundamental para entender a história do país. Ergueram cidades inteiras de pedra no sul do México, como Palenque e Chichen-Itzá. Toltecas (600 - 1200) Organizaram no centro do país um império que leva fama de ter sido muito rico e que depois foi tomado pelos astecas. Astecas (1200 - 1521) Reinaram sobre a região central do México, mas quando os espanhóis chegaram foram quase dizimados. Hoje, Acapulco tem mais de 2 milhões de habitantes e é uma das maiores cidades do México. Lá ficam os astros mais famosos, oshotéis mais caros, os condomínios mais exclusivos e as loiras mais oxigenadas do balneário.
Difícil é olhar para a Acapulco de hoje e lembrar que ela já era uma cidade importante desde o tempo dos espanhóis. É que, em vez das igrejas barrocas e dos sobradões coloniais que enfeitam outras cidades históricas do México, a Acapulco do ano 2000 só exibe lojas de fast-food e butiques de grife. Sobrou apenas o Forte de San Diego, por cima do porto, como testemunha do tempo em que ali desembarcavam galeões carregados de especiarias, porcelanas e sedas do Oriente. O tempo das naus da China se foi, o do glamour hollywoodiano também. Mas basta contemplar o pôr-do-sol, a partir de um dos muitos mirantes da estrada panorâmica que contorna a bela baía, para ter certeza de que a fama de Acapulco não tem a ver só com seu passado.
Puerto Vallarta é outra ex-vila de pescadores da costa do Pacífico que, como Acapulco, virou estrela. A cidade fica no meio de uma baía costeada por uma serra verdejante, tão próxima da costa que às vezes as montanhas parecem mergulhar direto na água. Do restaurante do Hotel El Mirador, o melhor ponto para ver o espetáculo, dá para entender melhor por que todos eles fazem questão de rezar antes de saltar. Já no primeiro século de colonização, os espanhóis acharam prata - mucha plata - no México. Por concentrar a elite econômica e cultural do país, essas cidades coloniais tiveram papel central na independência do México, assim como ocorreu com Ouro Preto. Terra de machos capazes de comer feijão com pimenta no café da manhã, o México rodou o sombrero com os espanhóis e brigou pra valer de 1810 a 1821 pela autonomia. Aquele jeito de viver em cima do cavalo, as calças justas, a habilidade com o laço são tradições não do Texas, mas das terras do norte do México. Para chegar lá, é preciso atravessar a pé um túnel de 2,5 quilômetros, no coração da Sierra Madre. Do outro lado, a 2700 metros de altitude, fica Real de Catorce, que já foi uma cidade próspera, com 40000 habitantes que viviam da extração de prata, mas, por algum motivo desconhecido, foi totalmente abandonada no começo do século. Hoje, los cabos é o lugar da moda no México. A maior e melhor surpresa do México atualmente chama-se Baja California. A região da Baja California mais bafejada pelos ventos do sucesso é Los Cabos, um conjunto de duas cidades unidas por uma estrada cravejada de hotéis chiquérrimos, na pontinha da península. Los Cabos deve ser o único lugar do México onde se esnoba os humildes fuscas, tão amados no resto do país. É que Los Cabos, agora mais do que nunca, é domínio dos americanos e seu poderoso dinheiro verde, que freqüentavam a Baja em escala menor desde o tempo da Lei Seca, nos Estados Unidos dos anos 20. Era nas grandes cidades mexicanas da borda da fronteira, como Tijuana, que bêbados e pecadores em geral encontravam alívio para a sobriedade imposta por lei. Los Cabos, então, era o fim do mundo - uma região só freqüentada pelas baleias, que até hoje aparecem ali para procriar. El Arco é o nome desse exagero da natureza, que talvez seja o novo símbolo do México, tão marcante quanto o resto do país.
Se você concorda com a discutível idéia de que o melhor do México são só as praias e as ruínas, então corra para Cancún. O melhor litoral do México está mesmo lá. E algumas das mais belas ruínas ficam ali por perto, já que Cancún se localiza na península do Yucatán, a terra dos maias, os mais talentosos arquitetos da América pré-colombiana. A cidade foi erguida em meados da década de 70, por decisão do governo e no meio de um pântano onde não havia nada. O objetivo era trazer divisas para uma das regiões mais pobres do país.
E elas vieram, dos bolsos dos turistas que hoje lotam suas praias de água azul, muito azul até mesmo para os padrões do próprio Caribe. Todos, porém, são considerados sagrados pelos descendentes dos maias, que ainda vivem na região e dependem deles para abastecer suas aldeias, como acontece com os açudes do Nordeste brasileiros.
Como tudo no México, as bases da sua famosa culinária foram estabelecidas pelos povos pré-hispânicos. Há no mínimo 60 espécies deles no país. Os hotéis mais bacanas da Cidade do México ficam ao longo do Paseo de La Reforma, na Zona Rosa e em Polanco, mas não espere gastar menos de US$ 160 por um quarto duplo. Na cidade do México, vá direto para a Plaza San Jacinto, no bairro de San Ángel, que abriga o famoso Bazaar de Sábado (só no fim de semana) e algumas ótimas lojas de artesananto, como La Luna Descalza. As quatro lojas da Fonart (Fondo Nacional de Artesanias) têm peças (e preços) de alto gabarito; o endereço mais à mão é o da avenida Juarez. Já Oaxaca é o céu para os amantes do artesanato. No interior, o México ainda é um país barato, mas na Cidade do México e em Los Cabos os preços dobram. Acomodações pelas quais você pagaria US$ 40 em Oaxaca custam uns US$ 100 na Cidade do México e provavelmente nem existem em Los Cabos. Já na Cidade do México é melhor andar de táxi, que não é muito caro, do que dirigir naquele trânsito maluco.

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