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sexta-feira, 22 de abril de 2011


Religiões

A maior parte dos capitalinos professa a religião católica. Pelo menos foram batizadoscomo tais, ainda que a efeito da pergunta expressa de qual é a religião que praticam, muitos dizem que são crentes, isto significa que se consideram adeptos ao catolicismo, mas não são praticantes regulares. O número de católicos no Distrito Federal foi reduzido em números significativos. Enquanto na década de 1960, mais de 90% da população do Distrito Federal professava essa religião, no início do século XXI, a proporção caiu para 80%.
A população que não professa religião nenhuma ou seguem as religiões judaico-cristãs e evangélicas tem crescido. Destas últimas, o primeiro lugar no ano 2000, corresponde às Testemunhas de Jeová. As denominações pentecostais têm ampla difusão, sobretudo nas regiões periféricas do Distrito Federal Oriental (Tláhuac e Iztapalapa).
Em paralelo aos cultos e religiões anteriores, surgiram na capital mexicana outras menos ortodoxas, que recolhem tradições populares não reconhecidas como válidas pela Igreja Católica. Entre elas está o culto à Santa Morte, que tem seu centro na zona de Tepito e La Merced. Há praticantes de Santeria de origem afro-antilhana assim como o xamanismo procedente principalmente de Oaxaca e Veracruz.

quarta-feira, 20 de abril de 2011


A insegurança provocada pela guerra do tráfico no México custa ao país cerca de 1% de seu PIB, segundo estimativa divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na semana passada – ou cerca de R$ 18 bilhões de reais. Segundo estimativas de especialistas americanos, os ganhos do tráfico são tão rentáveis quando os ganhos da indústria petrolífera mexicana.
Neste mês, a especialista Shannon O’Neil, do instituto Council on Foreign Relations, disse em uma comissão no Congresso dos Estados Unidos que a receita gerada pelo tráfico, que pode passar dos R$ 50 bilhões, rivaliza com os ganhos da indústria petroleira mexicana.
- As estimativas variam bastante, mas muitos acreditam que entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões [R$ 26,4 bilhões e R$ 53 bilhões, respectivamente] passam pela fronteira dos EUA a cada ano, por meio dos cartéis mexicanos.
A escalada da violência no México fez acender a luz amarela do outro lado da fronteira. Em 2008, o Departamento de Justiça dos EUA disse num relatório que “as organizações mexicanas de tráfico de drogas representam a maior ameaça criminal” contra o país.
No mesmo ano, o presidente do México, Felipe Calderón, assinou com o então presidente dos EUA, George W. Bush, a Iniciativa de Mérida, um programa de ajuda com duração de três anos que reserva o equivalente a R$ 2,3 bilhões (US$ 1,3 bilhão) para o combate ao tráfico no México. O país hoje recebe mais ajuda que a Colômbia e a América Central.
Fronteira com os EUA é região mais perigosa
Embora El Paso, no Texas, seja considerada a segunda cidade mais segura dos Estados Unidos, a mexicana Ciudad Juaréz é a localidade mais violenta do país vizinho.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A organização anti-vida Population Council considerou "extraordinários" os resultados da legalização do aborto na capital mexicana - Cidade do México, onde em menos de quatro anos foram praticados 55 mil abortos antes das 12 semanas de gestação.
Em declarações publicadas pelo diário Milenio, a representante do Population Council, Sandra García, também aplaudiu os serviços de saúde da Cidade do México porque em uma avaliação realizada por "várias organizações" alcançaram uma qualificação de 8.8 pontos.
Entretanto, em declarações à ACI Prensa Leticia Gonzales Luna, presidenta de Voz Pública, denunciou que "não há nenhum acompanhado sobre como estão funcionando os abortuarios na Cidade do México. O único que sabemos é que se legalizou um negócio multimilionário que permite a impunidade".

"Que seja um êxito que tenham morrido mais de 50 mil crianças não significa um êxito para a mulher", esclareceu e recordou que os que fizeram "os estudos para legalizar o aborto há quatro anos foram as organizações que vendem os instrumentos para que se façam os abortos".

"A pesquisa que apresentou Sandra García é a de uma agência que é a principal abortista no mundo, e não vão trazer à luz algo que vá contra algo que eles promoveram", explicou.
Gonzales acrescentou que "não foi dado o menor seguimento" às mulheres que abortam no México. "Aplica-se o aborto e não se sabe o que acontece com elas depois de que saem da clínica", advertiu à ACI Prensa.
"É triste que se aplauda o fato que morram tanto milhares de crianças. É uma vergonha que a Cidade do México esteja se convertendo em uma cidade turística para abortar que é o que está acontecendo e além disso esteja proliferando que haja o descaramento de que se faça publicidade daquilo que até hoje por hoje é um delito", acrescentou.
“Gonzales recordou que ‘uma mulher que abortou é uma vítima que costuma voltar para o aborto e que vai entrando nesse círculo no qual a dor que sente busca apagá-la justificando o que faz e promovendo que outros façam o mesmo que eles fizeram”.

domingo, 17 de abril de 2011

Economia submersa

O México apresenta baixas taxas de desemprego em comparação com outros países latino-americanos, apesar da situação alarmante que se observa dentro do país. A que se deve essa contradição? Tudo indica que a economia submergiu. Os trabalhadores mexicanos não têm seguro-desemprego — como têm os trabalhadores da União Européia, EUA ou Argentina. Além disso, as condições de vida limitam o tempo de subsistência sem receitas. “O desemprego no México é um luxo”, observa Enrique Cuevas, economista do Centro Universitário de Ciências Exatas e Administrativas (Cucea) da Universidade de Guadalajara. “É preciso levar dinheiro para casa, e as receitas obtidas com os empregos são precárias. Por isso, é necessário ter dois ou três empregos para o sustento do lar”, acrescenta. Assim, o problema principal, no que diz respeito ao emprego, “não é tanto o desemprego em si, e sim o crescimento desmesurado do trabalho que submergiu”, conclui o pesquisador.

Apesar da cruzada lançada por diferentes setores políticos e empresariais, a tão desejada reforma trabalhista ainda não ocorreu. “O que se busca é a desregulamentação do trabalho, eliminando os auxílios concedidos aos trabalhadores e reduzindo seus direitos. Assim, permite-se a celebração de contratos trabalhistas que desconsideram o tempo de casa, embora tal situação ocorra em detrimento da qualidade dos postos de trabalho oferecidos”, observa Cuevas.

O aumento indiscriminado de subcontratação de serviços, ou terceirização, é prova do que poderia ser um primeiro passo para uma eventual reforma estrutural na esfera trabalhista. Segundo Valleseñor, o instinto de sobrevivência das empresas e dos trabalhadores foi mais forte do que o princípio da renúncia aos direitos trabalhistas, como mostra a prática comum do desemprego técnico, sem direito ao pagamento de salários, redução dos salários para preservação dos empregos e auxílios concedidos. Cuevas, porém, assinala que o objetivo da reforma deveria ser a busca de justiça social e desenvolvimento econômico. O pesquisador lembra que “no México, a cada ano trabalhado correspondem cinco dias de férias, não há pagamento de horas extras e o trabalhador é submetido a jornadas de trabalho de mais de nove horas diárias, estando comprovada a existência de testes de gravidez como condicionante à contratação, assim como a declaração do estado civil do candidato [...]”

sábado, 16 de abril de 2011

REVOLUÇÃO MEXICANA: CEM ANO DA HERÒICA GUERRA CAMPONESA, POR TERRA E LIBERDADE


Há cem anos teria início um dos processos revolucionários mais importantes da América Latina. A Revolução Mexicana tem sido alvo de inúmeros mitos e estigmas, em geral associados à própria imagem do país, aos seus costumes e à luta de seu povo por liberdade e justiça.

 
Pancho Villa, no Norte, e Emiliano Zapata, no Sul,  jamais aceitaram depor suas armas,
unem seus exércitos populares e tomam a capital
Muitos se lembrarão dos desenhos animados, geralmente estadunidenses, onde aparecem caricatos mexicanos, com ar de bandoleiros, bandidos exploradores ou arruaceiros. Quem não se lembra do Ligeirinho, do Panchito ou do burrico Babalu? Quantas vezes vemos nos diversos meios de comunicação referências debochadas aos cantores populares — os mariachis — ou mesmo algum tipo de ridicularização de outro costume mexicano, como às tortillas ou ao sombreiro? Ao fim temos uma equivocada impressão sobre a cultura mexicana, impressão que na maioria das vezes se estende a História de luta do povo mexicano.
Especificamente sobre a Revolução Mexicana existe uma imagem estigmatizada, relacionando-a a uma bárbara violência, ao atraso e a uma "ignorância camponesa", muitas vezes apresentando Zapata e Pancho Villa como ladrões, bêbados analfabetos, delinquentes, arruaceiros ou simplesmente "bandidos sociais" em uma acepção pretensamente mais intelectualizada.
Como grande parte das informações que recebemos sobre a América Latina pela imprensa vem filtrada pelas grandes corporações imperialistas de comunicação, não é de se estranhar que todas as imagens que temos do México estejam carregadas de inúmeros preconceitos.
A mentalidade colonizada de parte da intelectualidade brasileira sempre privilegiou os acontecimentos europeus. Geralmente a história que conhecemos nos livros escolares está tão desinteressada pela história dos outros países que nos rodeiam que parecem mirar seus olhos na Europa e nos USA dando as costas para a América Latina.
Afora toda a propaganda e preconceito colonialista, a Revolução Mexicana foi um daqueles momentos que revelam muitas questões de fundo para a história. De início poderíamos destacar o papel dos camponeses nas revoluções da América Latina, seu potencial revolucionário e os limites da burguesia no continente. Por outro lado, revela fatos importantes sobre a opressão imperialista no século XX. Por ser o país latino-americano de maior fronteira com os USA, sofreu desde o princípio de sua história o peso do imperialismo ianque nos destinos de sua política nacional.

Uma pequena introdução

Como aconteceu em outras partes da América Latina, a Independência Mexicana (1821) não significou mudanças para a maioria da população. Manteve-se sobre novas formas a estrutura social herdada do vice-reinado espanhol. Com o crescimento do USA, seu nascente imperialismo usurparia metade do território mexicano, onde hoje estão o Texas, Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. No restante do país, o USA exerceria — em aliança com os latifundiários nacionais (terratenientes) e a burguesia mexicana — influência sobre a produção de milho, algodão, petróleo, açúcar, etc.
O imperialismo ianque não traria prosperidade e progresso para o povo mexicano, mas ao contrário, desenvolveria a exploração e a opressão em que viviam os camponeses, aprofundando a tendência de concentração agrária, atacando as terras dos pequenos camponeses e as tradicionais terras de uso coletivo das comunidades indígenas. Entre o final do século XIX e início do século XX, as terras mexicanas haviam sofrido uma enorme concentração, aumentando a quantidade de camponeses sem-terra e alargando a extensão das fazendas de cana de açúcar e algodão. Tanto o regime de Porfírio Diaz, no poder por mais de 30 anos e em seu sétimo mandato, mas principalmente a usurpação das terras dos pequenos agricultores geraram o pano de fundo para a rebelião.
Conseguindo reunir as frações da classe dominante descontentes com o governo de Porfírio Diaz em torno de um programa de reforma liberal e renovação política, Francisco Madero promete restituir as terras aos indígenas e camponeses pobres obtendo apoio de um numeroso contingente popular para a eleição presidencial de 1910. Madero é perseguido e a eleição é fraudada. Consumada a impossibilidade de transição pacífica, Madero convoca a população à luta armada. Diversos grupos respondem ao chamado de Madero, Diaz renuncia e são convocadas novas eleições em 1911, onde Madero consegue 98% dos votos. Entre os que atendem ao chamado às armas de Madero estão dois generais revolucionários que ficariam conhecidos em todo mundo, Emiliano Zapata e Francisco Pancho Villa.
Derrubado Porfírio Diaz, Madero não cumpre as promessas de "tierra y liberdad" reivindicadas pelo programa de revolução agrária zapatista. Novamente os exércitos camponeses se levantam em armas, desta vez contra Madero. Nesse ínterim Madero é assassinado no episódio que ficaria conhecido como La Decena Trágica (1913). O general Huerta assume a presidência. O governador de Coahuila, eleito durante a presidência de Madero, Venustiano Carranza centraliza o movimento contra Huerta, formando o constitucionalismo. As forças constitucionalistas estavam divididas entre os exércitos do Noroeste, comandados por Obregón, do Nordeste por Pablo González Garza e a Divisão Norte, comandada por Pancho Villa. Carranza, como primeiro-chefe, centraliza o movimento, reinvindicando a volta da constitucionalidade, usurpada por Huerta. Independente das forças constitucionalistas, o Exército do Sul, liderado por Emiliano Zapata controla regiões do Centro-Sul, exigindo o cumprimento do Plano de Ayala, o programa zapatista de Revolução Agrária.

A tomada da capital

Os revolucionários avançam em direção à capital mexicana derrotando as forças federais do governo. Entre os constitucionalistas existiam muitas diferenças sobre os rumos da revolução. Enquanto para Carranza o importante era o restabelecimento da lei e da ordem, para Villa era importante que as lutas contra o governo Huerta significassem mudanças sociais, particularmente a distribuição de terras aos camponeses.
Como aconteceu em diversos momentos revolucionários da história, os primeiros estalos da Revolução nasceram de disputas entre as classes dominantes. Para engrossarem seus exércitos com contingentes populares necessitavam fazer algumas concessões e elaborar algumas promessas de mudanças sociais. Chegada a hora da conquista do poder, os chefes burgueses colocam primazia na "governabilidade", abandonam as promessas, desarmam as forças populares e passam a repressão.
Durante a Revolução Mexicana por diversos momentos as coisas pareceram caminhar nesse sentido, à diferença que Villa e Zapata jamais aceitaram depor suas armas, e particularmente Zapata jamais aceitou negociar ou abrandar o conteúdo revolucionário do Plano de Ayala .
Sem um consenso programático entre as diversas forças revolucionárias, é acertada uma convenção na cidade de Aguascalientes, às portas da Cidade do México, a fim de definir um programa comum. Carranza abandona a convenção, Zapata e Villa selam uma esperada união entre seus exércitos populares e tomam a capital. Esse é o momento de auge da Revolução Mexicana, expresso nas palavras de Gilly da seguinte maneira:
"A ocupação da Cidade do México pelos exércitos camponeses é um dos episódios mais belos e comovedores de toda a Revolução Mexicana, expressão precoce, violenta e ordenada da potência das massas que têm deixado até hoje sua marca no país, e um dos alicerces históricos onde se afirmam, sem que reveses, traições, nem contrastes possam remover o orgulho e a altivez do campesinato mexicano ." | (GILLY, 1980, p. 141)
Zapata e Villa representavam as forças camponesas da revolução, Villa a força militar mais importante, que avançando desde o norte havia destroçado o exército federal. Zapata conquistara uma importante parte do país, região de forte tradição camponesa, antigo território asteca e sustentava o cumprimento rigoroso de uma revolução agrária. O encontro entre os dois era muito aguardado e significava o avanço dos interesses populares no processo revolucionário.

Derrota e repressão

Embora tivessem tomado o poder, não conseguiram erguer um novo. Carranza e os outros generais constitucionalistas conseguem aproveitar a situação nas regiões onde ainda mantinham o controle. Estabeleceram o reconhecimento do Governo de Carranza pelo USA, aproveitaram o período da 1ª Guerra Mundial para desenvolver a exportação e conseguir recursos, ampliaram alianças com os latifundiários que temiam os exércitos camponeses e prometeram algumas medidas populares como 8 horas de trabalho, sufrágio universal e reforma agrária. Depois de algumas batalhas, o general constitucionalista Obregón consegue vencer os exércitos da Convenção dirigidos por Villa. A partir de 1915 a correlação de forças muda, Villa é derrotado em Bajio e fracassa em tomar a cidade petrolífera de Tampico, retornando a Chihuahua, no norte do país, para manter a resistência e as forças zapatistas são obrigadas a retroceder a Morelos.
Sob o governo de Carranza, em 1917 é promulgada uma constituição reformista e o governo concentra seus esforços na repressão aos movimentos camponeses. Zapata seria emboscado e assassinado em 1919 e Villa morreria anos depois.
As aspirações de transformação social radical seriam reprimidas ao longo de inúmeros governos que oscilaram entre repressão e política populista, reestruturando o velho Estado mexicano sob novas formas, mantendo a desigualdade, a pobreza e a subjugação do país aos interesses do latifúndio e do imperialismo ianque.
A Revolução Mexicana não alcançou a palavra de ordem zapatista de "tierra y liberdad" e muito menos o socialismo, que triunfaria pela primeira vez no mundo com a Revolução Bolchevique de 1917. Mas longe de ter significado uma rebelião de bandidos ou de atrasados camponeses, foi a primeira revolução do século XX, com um avançado programa de Revolução Agrária, o Plano de Ayala, aplicado nas regiões controladas pelos revolucionários camponeses enquanto conseguiram manter o poder.
Seu legado é enorme, inspira a rebeldia de seus compatriotas, nos demonstra a capacidade dos camponeses latino-americanos de armas em punho de defender seus direitos e apresenta os limites que uma Revolução Agrária pode ter sem uma aliança com o proletariado.
O historiador argentino Adolfo Gilly, em seu livro A revolução interrompida, nos apresenta uma visão do processo mexicano ao encontro das aspirações socialistas que se concretizavam em 1917 na Rússia, mas que seria interrompida pela traição da burguesia mexicana em aliança com o governo do USA, bem como pelos limites programáticos e a direção regionalista camponesa.
A ligação entre os acontecimentos do México e a Revolução Russa foi feita pelo próprio Zapata, que não teve a oportunidade de conhecer a experiência soviética por mais de um par de anos, mas claramente manifestou simpatias pelos revolucionários russos em uma carta ao General Genaro de 1918:
"Muito ganharíamos, muito ganharia a humanidade e a justiça, se todos os povos da América e todas as nações da velha Europa compreendessem que a causa do México Revolucionário e a causa da Rússia são e representam a causa da humanidade, o interesse supremo de todos os povos oprimidos. (...) Aqui como lá, existem grandes senhores, desumanos, gananciosos e cruéis que vêm explorando de pais a filhos até a tortura as grandes massas camponesas. E aqui como lá os homens escravizados, os homens de consciência adormecida, começam a despertar, a sacudir-se, a agitar-se, a castigar. (...) Não é de se estranhar, pelo mesmo, que o proletariado mundial aplauda e admire a Revolução Russa, do mesmo modo que outorgará toda a sua adesão, sua simpatia e seu apoio a esta Revolução Mexicana, ao dar-se cabal conta de seus fins" 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cidade do México
A Cidade do México fica num gigantesco vale onde outrora existia vários lagos. A cidade hoje com 20 milhões de habitantes enfrenta muitos problemas com a drenagem de água especialmente na época das chuvas.
O centro político/religioso da Cidade do México foi construído sobre onde existia durante a civilização Asteca o grande templo de adoração ao sol. Todas as construções pré colombianas foram destruídas para dar lugar a igreja de Guadalupe e o Palácio do Governo e ministérios que ficam envolta de uma grande praça chama de Zócalo.
Maquete do que foi a antiga cidade dos Astecas
Maquete do que foi a antiga cidade dos Astecas antes de sua conquista e destruição por parte dos espanhóis. Note ao fundo o enorme templo do sol. Esta maquete foi viabilizada através dos escritos dos espenhois que escreveram minuciosamente a cidade dos Astecas que os impressionou muito.
Esta é a igreja de Guadalupe onde outrora havia o templo do sol. Atualmente enfrenta graves problemas estruturais uma vez que além de estar afundando (já afundou em torno de 4 metros) ela também esta com suas estruturas seriamente comprometidas visto que suas estacas de sustentação foram feitas com madeira que com os últimos 500 anos ficaram bem comprometidos. Está atualmente sendo restaurada em sua estrutura, um trabalho de muitos anos.
Praça do Zócalo na Cidade do México
Esta é a praça do Zócalo onde multidões podem ser reunidas para eventos políticos e religiosos. Ao fundo os prédios do Governo, em close os ministérios.
Palácio de Belas Artes é um teatro todo construído em mármore importado da europa pelos espanhóis. Possui uma estrutura muito bonita tanto externa como em especial internamente onde chama a atenção o granito vermelho e rosa em que as paredes são revestidas. É uma obra de arte no centro da cidade. Um grande problema que este prédio também enfrenta é o afundamento que hoje está em torno de 4 metros do nível original em que foi edificado.
Cidade do México II
Monumento da Independência do México localizado na larga e famosa avenida Paseo de la Reforma. Sua construção e inauguração foi realizado no ano de 1910. Mas o interessante que o início de sua construção foi em 1843. Durante todos estes anos o México passou por grandes convulsões, inclusive a invasão francesa em 1864. O monumento possui uma coluna que se eleva a 36 metros de altura onde em sua ponta se ergue um anjo feminino dourado. Em sua base se encontra várias criptas com os restos mortais de personagens da história do México.
Cidade do México III
Murais de Diego Rivera pintados de 1928 a 1930 e posteriormente de 1938 a 1940. Este artista retratou de forma sublime em dezenas de murais a história sofrida do povo mexicano desde sua conquista pelos espanhóis passando por uma ditadura religiosa católica, envolvendo várias guerras civis/religiosas. No mural abaixo é mostrado o movimentado centro comercial dos Astecas onde um juiz sentado em um trono resolvia qualquer disputa entre os negociantes. Estes murais estão pintados nas paredes do Palácio do Governo
Com o declínio da civilização tolteca ocorreu a fragmentação política no Vale do México. Neste novo jogo político de sucessão ao trono tolteca apareceram os mexica. Tratavam-se, também eles, de um orgulhoso povo do deserto, um de entre sete grupos que antes se auto-denominavam asteca, tendo mudado o seu nome após anos de migração. Uma vez que não eram originários do Vale do México, foram inicialmente vistos como rudes e pouco refinados perante os olhos da civilização Nahua. Através de astuciosas manobras políticas e ferozes capacidades de luta, conseguiram um verdadeiro feito: tornaram-se governantes do México liderando a Tripla Aliança(que incluía duas outras cidades astecas, Texcoco eTlacopan).
Em 1400 os mexicas governavam grande parte do México central (enquanto os yaquiscoras e apaches controlavam áreas consideráveis dos desertos do norte), tendo subjugado a maioria dos outros estados regionais na década de 1470. No seu auge, 100 000 mexica presidiam a um rico império que contava com cerca de 10 milhões de pessoas (quase metade dos 24 milhões que então habitavam o México). O nome moderno México tem a sua origem no nome do grupo dominante da Tripla Aliança Asteca, osMexicas.
O termo asteca não é um nome, sendo uma invenção de um inglês (Lord Kinsborough) e de um euro-americano de nome William Prescott. Os verdadeiros nomes utilizados pelos indígenas eram nahua ou mexica. Nem mesmo os espanhóis lhes chamavam astecas. (Ainda que asteca não fosse usado pelos mexicas, é derivado da sua língua, o nahuatl, referindo-se à sua terra natal no norte, Aztlan).
Entre os mexicas (um dos grupos astecas), a educação era obrigatória para os homens, independentemente da sua classe social. Existiam dois tipos de escolas: as telpochcalli (para estudos práticos e miltares) e as calmecac (para estudos avançados de escrita, astronomia, estadismo, teologia, etc). ra A sua capital, Tenochtitlan, estava situada na zona da moderna Cidade do México. Em 1519a capital dos mexicas era a maior cidade da América com uma população que rondava os 100 000 habitantes (em jeito de comparação, em 1519 Londres tinha 80 000 habitantes e Paris tinha 250 000).
Os mexicas deixaram uma marca profunda e duradoura na cultura mexicana perceptível ainda hoje. Muito do que é considerado como cultura mexicana deriva desta civilização mexica: topónimos, gastronomia, arte, vestuário, simbologia e mesmo a identidade mexicana que a ela foi buscar o nome.
Durante grande parte da sua história, a maioria da população mexicana teve um modo de vida urbano: cidadesvilas e aldeias. Apenas uma fracção da população era tribal e nómada. A maioria das pessoas vivia em povoamentos permanentes, baseados na agricultura e identificados com uma cultura urbana, em oposição a uma cultura tribal. O México é desde há muito uma terra urbana, facto graficamente reflectido nos escritos dos espanhóis que os encontraram.

quinta-feira, 14 de abril de 2011


Conquista e resistência
Em plena crise interna, os maias tiveram de encarar a invasão espanhola. Depois da malfadada expedição de Francisco Hernández de Córdoba, em 1517, a Espanha voltou à carga contra os maias. O explorador Juan de Grijalva viajou para Yucatán no ano seguinte, mas recebeu informações a respeito de um outro império a leste, muito mais poderoso – e, principalmente, mais rico em ouro. Eram os astecas. Isso mudou totalmente a estratégia de conquista dos espanhóis: os maias, mais pobres e mais desorganizados, foram relegados a segundo plano – sequer valia a pena investir tempo e pessoal em uma guerra contra eles. Enquanto isso, os vizinhos sofriam as conseqüências.
Em 1521, apenas dois anos depois de sair para sua missão de conquista, Hernán Cortés derrotou os astecas, destituiu e torturou pessoalmente o imperador Cuauhtémoc e arrasou a capital Tenoch­titlán, onde começou a surgir a Cidade do México. Garantido o controle sobre o território e as riquezas astecas, os espanhóis não tiveram pressa em voltar à carga contra os maias. Ironicamente, a falta de ouro e a desorganização política garantiram a eles longevidade muito maior – como não existia um império unificado, as cidades maias tinham que ser derrotadas praticamente uma a uma.
A primeira grande iniciativa de conquista dos maias ocorreu em 1527, liderada por Francisco de Montejo. Depois de massacrar 1200 nativos na cidade de Chauca, suas tropas acabaram expulsas de Yucatán no ano seguinte. Uma nova invasão ocorreu em 1531, mas também acabou em fuga espanhola. Em 1540, Francisco Montejo Filho, que herdara a missão do pai, chegou à península com um grande exército. Seis anos depois, apoiado por alguns chefes locais, declarou vitória na região de Yucatán. Mais ao sul, entretanto, os maias seguiram livres. Tayasal, na atual Guatemala, foi o último foco de resistência. Só caiu em 1697.
Os maias foram conquistados, mas não exterminados. “Em uma luta paciente e silenciosa, a culturamaia sobrevive a todas as conquistas e se mantém preservada nos trajes, nas comidas, nas lendas, nas músicas e nas danças”, afirma Mariluci Guberman, do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, 6 milhões de pessoas que vivem em Yucatán e na Guatemala são consideradas maias. Eles falam 25 dialetos diferentes e, em sua maioria, vivem exatamente da mesma forma que seus antepassados: espalhados pela zona rural, vivendo da agricultura e visitando o centro da vila apenas em ocasiões festivas. Acordam às 4 da manhã para trabalhar no plantio, voltam para casa às 19h e dormem às 21h.
As mulheres maias mantêm as roupas tradicionais, com vestidos longos e véus. Produzem tecidos com padrões seculares, herdeiros diretos dos que eram feitos antes da chegada dos espanhóis. A religiosidade politeísta também é mantida, ainda que disfarçada sob os conceitos e santos católicos. Entre as maiores personalidades maias de nosso tempo estão o Subcomandante Marcos, líder do grupo rebelde zapatista da região mexicana de Chiapas, e dois guatemaltecos vencedores do Prêmio Nobel. O primeiro foi Miguel Ángel Asturias, o escritor mais importante da história de seu país, que venceu na categoria Literatura em 1967 (e morreu em 1974). A segunda foi Rigoberta Menchú, que ganhou o Nobel da Paz em 1992 por sua luta pelos direitos dos povos indígenas da América. Ela é um claro exemplo de que, com 4500 anos de história, os maias são muito mais que um grande povo do passado.


Apocalipse na América
Embora ainda haja muitas perguntas a ser respondidas, a estrutura política centralizada em torno de uma pequena aristocracia improdutiva pode ter acelerado a decadência dos maias. Os achados arqueológicos indicam que, a partir do ano 900, suas principais cidades foram abandonadas. Sabe-se que a área foi assolada por longos períodos de seca. De acordo com o geólogo David Hodell, da Universidade da Flórida, entre os anos 700 e 900, a região dos maias experimentou as maiores estiagens em 7 mil anos. Mas não há sinais de que a seca tenha provocado mortes em massa. O mais provável é que os camponeses tenham abandonado as cidades e se retirado para regiões mais isoladas, onde viveriam do que plantavam, sem prestar contas a reis nem sustentá-los. Vários indícios, como templos inacabados e tronos queimados, sugerem que, antes de deixar os municípios, os colonos teriam promovido rebeliões.
Em seu livro Colapso, o biólogo americano Jared Diamond argumenta que a falta de visão de futuro e a ausência de cuidado com o meio ambiente é que teriam provocado o declínio da civilização maia. O antropólogo americano Marcello Canuto pensa de modo parecido. “Os governantes estavam ocupados demais na construção de obras grandiosas e não foram capazes de lidar com as necessidades do povo”, diz o professor da Universidade de Yale. “Em 800 eles estavam fazendo exatamente o mesmo tipo de agricultura do ano 200, mas a população tinha aumentado. Não havia como produzir mais comida para mais pessoas, no mesmo pedaço de terra, sem degradar o ambiente.”
Entre os séculos 10 e 12, os maias registraram um período de renascimento, concentrado na região de Yucatán. Por trás dessa nova fase estava a influência dos toltecas, um povo que viveu entre a península e o território dos astecas. Além de tornar mais sangrentos os rituais religiosos, os toltecas levaram os maias a intensificar o comércio e o intercâmbio com outros povos. Nessa fase, que os estudiosos chamam de “pós-clássica”, a liga de Mayapán, formada por Mayapán, Uxmal e Chichén Itzá, passou a liderar as principais cidades da região. Mas, a partir de 1441, a união se tornou instável e novos conflitos provocaram a dissolução da liga. Quando os espanhóis desembarcaram na península, os maiores centros maias estavam abandonados e as populações sobreviventes estavam constantemente em pé de guerra.

Em 1511, um navio espanhol com 15 homens e duas mulheres naufragou no norte da península de Yucatán, perto da atual cidade mexicana de Cancún. Seus tripulantes, que pretendiam ir para Cuba, foram capturados pelos misteriosos moradores da região. Acabaram distribuídos como escravos entre os vários chefes locais – muitos foram sacrificados aos deuses. Seis anos depois, o explorador espanhol Francisco Hernández de Córdoba chegou à mesma região, que ele acreditava ser uma ilha. Chegou ali com 110 homens, em três navios.
A expedição de Hernández encontrou três grandes cidades, todas habitadas por um povo desconhecido dos espanhóis. Foi o suficiente para impressionar os europeus, que ainda não tinham visto nenhum grande conglomerado urbano nas Américas. Ecab, a primeira das cidades encontradas, foi apelidada de “El Gran Cairo”, numa referência à capital egípcia. No começo, apesar das diferenças lingüísticas e culturais, os exploradores foram bem recebidos. Isso mudou quando Hernández e seus homens chegaram a Champotón, na costa oeste da península. Atacados pelos nativos, liderados por Mochcouoh, muitos espanhóis morreram. Os poucos sobreviventes bateram em retirada. Muito ferido, Hernández morreria ainda em 1517. Mas a descoberta dos maias estava oficialmente feita.
As comunidades pelas quais passou a expedição de Hernández faziam parte do que restava de uma complexa sociedade que, durante 700 anos, dominara a América Central. Os maias haviam criado gigantescas cidades, com pirâmides e observatórios astronômicos. Em algumas áreas do conhecimento, chegaram a avançar muito mais que os europeus. Apesar de ter impressionado tanto os espanhóis, entretanto, os maias do século 16 não formavam mais, nem de longe, a civilização grandiosa de outrora. Uma amostra dessa decadência pode ser vista em Apocalypto, de Mel Gibson, que estreou recentemente nos cinemas brasileiros. O filme foi produzido nas regiões mexicanas de Catemaco e Vera Cruz e é falado em um dos dialetos maias. Em vez de continuar formando um sistema de cidades integradas, os maias viraram habitantes de povoados dispersos – e, muitas vezes, conflituosos.
Para entender a ascensão e o declínio do povo maia é preciso voltar no tempo. É o que alguns dos grandes arqueólogos do mundo estão fazendo hoje, escavando no México e na América Central. Antes, acreditava-se que os maias haviam surgido por volta de 700 a.C. Graças a descobertas feitas em 2004 na Guatemala pela equipe do arqueólogo Arthur Demarest, da Vanderbilt University, sabe-se que, por volta de 1500 a.C., grupos maias já tinham criado estátuas de 5 metros de altura por 3 de largura. Até o ano 200, construíram centros cerimoniais como Uaxactún e Tikal, onde os agricultores se encontravam nos períodos de celebrações religiosas. Nos sete séculos seguintes, eles viveram seu período de maior exuberância, chamado de “clássico” pelos pesquisadores. Levantaram El Petén, ainda na Guatemala, e se expandiram para o oeste, o sudoeste e o norte. Surgiram Palenque, Copán e Piedras Negras, entre outras 40 cidades – boa parte delas no atual território mexicano. O território alcançava os atuais México, Belize e El Salvador e chegou a ter 325 mil quilômetros quadrados de área.
Estruturadas em torno de praças, as cidades tinham ruas de calçadas largas e abrigavam pirâmides de até 45 metros, templos religiosos com abóbadas, palácios com grandes espaços internos, casas de banho e espaços para a prática de esportes. As casas normalmente tinham três quartos seguidos, com a luz entrando apenas pela porta da frente, e a cozinha ao fundo. A água vinha de poços, graças a um sistema intrincado de irrigação.
Em novembro de 2006, o pesquisador japonês Takeshi Inomata divulgou a tese de que os maias usavam suas praças centrais como grandes anfiteatros, onde eram apresentados espetáculos que tratavam das divindades e reforçavam o poder da elite local. Apesar de nunca terem formado um império unificado, as grandes cidades maias mantinham uma organização política parecida: a maior autoridade em cada vila era o halach vinic, que governava em nome de um dos deuses. Seu cargo era hereditário, e cabia a ele escolher, entre os membros da nobreza, os homens responsáveis por comandar os soldados e fiscalizar o pagamento de impostos e a aplicação das leis. Além dos governantes, havia sacerdotes, responsáveis pelos templos, pelas pesquisas astronômicas, pelos tratamentos médicos e pelo ensino. Abaixo deles vinham os guerreiros, os artesãos e os pequenos comerciantes. A base da pirâmide populacional era formada pelos camponeses e pelas pessoas que trabalhavam nas construções. Eram eles que sustentavam a elite.
Nenhuma cidade tinha controle sobre a outra, mas as maiores e mais poderosas usavam o poder militar para conseguir os melhores acordos comerciais. “Os reis podiam se aliar uns aos outros por períodos que podiam variar de um a 200 anos. Essa era uma organização política muito frágil e pouco estável. É por isso que, apesar de terem em comum a língua, os hábitos e a religião, eles nunca foram um único império”, diz o americano Marcello Canuto, professor de Arqueo­logia da Universidade de Yale.
Em nome dos deuses
Até cerca de duas décadas atrás, os maias eram vistos como um povo pacato. Mas a arqueologiaacabou descobrindo que eles faziam sacrifícios sangrentos, com direito a cerimônias em que as vítimas eram arremessadas vivas dentro de poços. Achou cruel? Bem, as alternativas não eram lá muito melhores: era comum que o sacerdote arrancasse o coração das pessoas ainda batendo ou as esfolasse para vestir sua pele. Toda essa carnificina tinha uma explicação simbólica: os maias acreditavam que o homem faz parte de uma terceira geração de seres humanos, feita a partir do milho. As duas anteriores, construídas com barro e depois com madeira, teriam sido destruídas por dilúvios, um de água e outro de lava. Para evitar destino parecido, era preciso agradar os deuses constantemente com oferendas valiosas – e nada era mais valioso que o sangue humano.
Os maias acreditavam em 13 deuses que habitariam 13 diferentes camadas celestes. Haveria ainda outros nove deuses, moradores de nove mundos subterrâneos. Essas divindades não eram exclusivamente boas ou más, mas algumas ajudavam mais os seres humanos que outras. Ah Puch, por exemplo, é o temível deus da morte, e Camazotz, com sua forma de morcego, é um de seus demônios. No lado mais amistoso do panteão, Chaac é o responsável pelas chuvas, e o deus em forma de cobra Gucumatz é responsável pela criação de novos seres.
Mas a relação dos maias com os deuses ia além dos cerimoniais violentos. Essa devoção acabou dando impulso para que uma ciência se desenvolvesse: a astronomia, usada para entender melhor o ciclo da vida, criado e mantido pelas divindades. Um dos observatórios mais importantes, o de Caracol, nas ruínas de Chichén Itzá, ainda está em ótimo estado. A observação dos astros levou os maias a criar um calendário dividido em 18 meses de 20 dias e mais um mês curto, de 5 dias. A cada 52 anos era celebrado um mês extra de 13 dias e a cada 3172 anos havia um ano 25 dias mais curto. Pode soar muito complicado, mas, na ponta do lápis, essa organização fazia com que o ano maia tivesse 365,242129 dias. Isso é incrivelmente próximo do calendário astronômico, que possui 365,242198 dias. Até 1582, a Europa usava um calendário bem menos preciso, de 365,25 dias.
Os maias ainda conheciam bem os ciclos da Lua e estimavam que o ciclo de Vênus tinha 584 dias de duração (um dado muito próximo do hoje considerado real: 583,92 dias). Para sustentar o conhecimento da astronomia, eles desenvolveram a matemática, que incluía o conceito de zero já no ano 325 – os europeus só passariam a adotá-lo em suas contas a partir do século 12. O sistema de numeração maia tinha base 20 e era representado por pontos e barras.
Ao lado de toda essa matemática, os maias desenvolveram a linguagem escrita mais completa de toda a América pré-colombiana. Ela era composta por mil diferentes caracteres, representando sons e símbolos. Além de ser entalhados em pedra, os textos eram pintados sobre cerâmica ou códices (placas feitas de fibras vegetais, recobertas de resina e cal – dobradas, ficavam com uma forma parecida com a de nossos livros). Nos últimos cinco anos, conforme novas inscrições vêm sendo encontradas, o número de caracteres traduzidos saltou de 180 para 500.
Em 2001, a equipe de Arthur Demarest descobriu novos degraus da pirâmide de Dos Pilas, na Guatemala. Eles estavam soterrados, mas apareceram graças à destruição causada por um furacão. Nos degraus, estavam gravados hieroglifos que contam a história de uma guerra entre duas cidades-estado, Tikal e Calakmul. Esses textos forneceram uma nova informação: o rio Usumacinta, que nasce na Guatemala e desemboca no golfo do México, facilitou o comércio entre os maias e possibilitou o surgimento de várias cidades. Mas, afinal, por que elas teriam entrado em decadência?

DIA DOS MORTOS


As origens da celebração no México são anteriores à chegada dos espanhóis. Há relatos que os astecasmaiaspurépechasnáuatles e totonacas praticavam este culto. Os rituais que celebram a vida dos ancestrais se realizavam nestas civilizações pelo menos há três mil anos. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento.
O festival que se tornou o Dia dos Mortos era comemorado no nono mês do calendário solar asteca, por volta do início de agosto, e era celebrado por um mês completo. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a "Dama da Morte" (do espanhol: Dama de la Muerte) - atualmente relacionada à La Catrina, personagem de José Guadalupe Posada - e esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.
É uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces preferidos dos mortos, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar.