Boo-Box

quarta-feira, 6 de abril de 2011


Complexo mesoamericano

Entre outras coisas, o chamado complexo mesoamericano inclui a agricultura do milho, o uso de dois calendários (um deles ritualcom 260 dias e outro civil, com 365 dias), os sacrifícios humanos e a organização estatal das sociedades. O complexo mesoamericano serviu como ferramenta teórica para distinguir os povos desta região relativamente a outras macrorregiões culturais que os circundavam, como a Aridoamérica e a Oasisamérica. O primeiro destes dois termos foi também cunhado por Kirchhoff. Nas fontes de língua inglesa, estas duas macrorregiões são agrupadas no sudoeste estadunidense (sendo por vezes incluídas, de forma errada, como periféricas as culturas do bajío ou o norte da Mesoamérica).
É bem sabido que a homogeneidade do processo civilizacional mesoamericano tem sido criticada, especialmente por autores de origem anglo-saxónica, como Michael D. Coe. Nas suas críticas, estes autores salientam as diferenças entre os diferentes povos que habitaram esta região (por exemplo, ao estabelecer uma distinção entre o que chamam México - apesar do México ser uma entidade moderna nascida no século XIX - e a área maia (Coe, 1996). No entanto, desde os pontos de vista teóricos utilizados pelosarqueólogos e antropólogos como Palerm (1972), López Austin y López Luján (1996), ou Duverger (1994), têm prioridade as características culturais que podem encontrar-se nas diversas áreas culturais englobadas na macrorregião mesoamericana. A difusão destes traços culturais deve-se à interação das diversas etnias que viveram neste território ao longo de milénios.
Esclarece-se desde já que neste artigo foram privilegiados os pontos de vista destes últimos trabalhos na medida em que permitem ter um panorama amplo da civilização mesoamericana. Por outro lado, há que esclarecer também que alguns nomes de deidades, culturas e locais são escritos na sua versão espanhola adaptada do nauatle, pois é desta forma que são mais conhecidos no mundo académico. Isto não quer dizer que todos os povos mesoamericanos falassem nauatle. De facto, o uso do nauatle como língua francana Mesoamérica aconteceu apenas a partir do século X, com a chegada dos povos teochichimecas e mais tarde dos toltecas emexicas (estes últimos, criadores do estado mais extenso que conheceu a Mesoamérica pré-colombiana).

Nenhum comentário:

Postar um comentário